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A língua é um rio que corre rumo a nascente

a língua é um rio que corre rumo a nascente

§

a lingua está sempre começando

§

a lingua começou essa almofada que até hoje não teminou
desde o tempo Maomé I
o rei vermelho

e abastece o chão
com a aceitabilidade

§

a língua começa o gosto das limas na saia dourada
começa a manhã na noite de um nó
de barco
rompido
dentro da língua começam os anjos a inventarem os elevadores
e o resumo das tipologias de raízes
se testam num autorama

onde a colisão é a frequência

-

esta casa é começada por uma língua em estado de espera
descartada e depois reavaliada
no centro da casa há a parte de fora da rua
o pátio interno
sua luz oriental
a árvore de caronte
o século 14 dos
vivos
a voz do deserto
as nossas mães espalhadas como conchas pelas pernas da prece
o sangue

esta casa é começada por uma língua que esquece de ficar mas não pode ir embora

senão a cidade não se inagura de novo

 

§

esta lingua será sempre moderna
esparrama seu próprio corpo como tinta
em nossos ouvidos

pratica sempre o nado livre
mas esta língua não é livre
dentro da língua há o início de uma casa

de uma cidade
que não são livres
a água da língua não serve para beber
muito menos como solvente

mas para embrenhar

§

 

a lingua é um grito que corre sem garganta
uma história que migra sem povo
massagem cardíaca

sem peito
um caixa toráxica repaginada
para um vaso de planta

busca o início da argila não só nos telhados
a altura não só nos telhados
mas na refeição

quando a busca para por a cabeça
ou um conselho

já é criança de novo

§

a lingua é um rio que corre rumo a nascente
é a infância que nos corre como um rio

Estudo de poema em 360 graus, em RV.

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